Estrelas de Quark

No dia 10 de Abril de 2002 foi anunciado, pelo centro responsável pelo observatório de raios-x Chandra, um conjunto de evidências que revelam a existência de uma nova forma de matéria.

A observação, por parte do satélite Chandra, dos objetos RX J1856.5-3754 e 3C58, revelou duas estrelas com propriedades dificilmente explicáveis à luz do nosso conhecimento atual da estrutura da matéria. Em combinação com dados obtidos pelo telescópio espacial Hubble, constatou-se que a fonte RX J1856 irradia como um corpo sólido com uma temperatura de 700000 graus Celsius, possuindo um diâmetro de 11.3 Km. Este diâmetro é demasiado pequeno para ser compatível com modelos de estrelas de nêutrons.

No caso da fonte 3C58, uma remanescente de supernova recente, não foi detectada a radiação-x da estrela de nêutrons que ali deveria existir. Os dados mostram que a temperatura deste corpo não atinge o milhão de graus Celsius, valor bastante inferior ao previsto para estrelas de nêutrons recentes.

A melhor candidata é uma remanescente de supernova, o qual esfriou rápido demais para um objeto de 821 anos (menos de 1 milhão de graus ) . Existem duas formas para uma estrela esfriar mais rápido que o normal: Quarks circulando em torno do núcleo da estrela de quarks. A outra supõe que seja uma estrela de nêutrons, mas que tenha reações nucleares fora do comum.

As observações efetuadas aos objetos RX J1856.5-3754 e 3C58 sugerem que a matéria do qual são compostos é muito mais densa do que a matéria nuclear observada nos laboratórios terrestres. Estes resultados levantam a possibilidade de estes corpos não serem estrelas de nêutrons, mas ainda mais densos, estrelas de quarks puros ou corpos compostos por cristais de partículas sub-nucleares, que em condições normais existem por apenas breves instantes.

Uma estrela de quarks é um hipotético tipo de estrela composto por matéria quark. Estas são fases ultra-densas de matéria degenerada teorizada como casos particulares formados a partir de estrelas de nêutrons massivas. As estrelas de nêutrons têm cerca de 19 km e as estrelas de quark 11 km.
É teorizado que quando a matéria nêutron-degenerada, pela gravidade da própria estrela, atinge suficiente pressão, os nêutrons individuais desabam em seus quarks constituintes, quarks UP e quarks DOWN. Alguns destes quarks podem vir a se tornar quarks STRANGE . A estrela então passa a ser chamada de "estrela de quark", similar a um hádron gigante (mas mantido limitado pela gravidade mais que pela força força forte).

Uma estrela de quarks pode ser formada de uma estrela de nêutron através de um processo chamado "desconfinamento" de quarks. Este processo pode produzir uma nova de quarks. A estrela resultante pode conter quarks livres em seu interior. O processo de "desconfinamento" pode liberar imensas quantidades de energia, talvez sendo as mais energéticas explosões existentes. É provável que as grandes erupções de raios gama evidenciadas pela astrofísica sejam novas de quark. Elas possuem uma alta rotação, com um campo magnético fortíssimo, bem mais do que as de nêutrons, provocando surgimento de feixes de radiação por um período menor do que aqueles de pulsares de nêutrons. Uma estrela de quark situa-se entre as estrelas de nêutrons e os buracos negros em termos tanto de massa como densidade, e se suficiente massa adicional for somada à sua, ela colapsará em um buraco negro.

Estrelas de nêutrons que tenham massa de 1.5 e 1.8 massas solares com rápida rotação são teoricamente as melhores candidatas à conversão. Sua quantidade é estimada em 1% da população das estrelas de nêutrons. Uma extrapolação baseada nisto indica que até 2 novas quark podem ocorrer no universo observável a cada dia.

Teoricamente, estrelas de quark podem ser silenciosas em freqüência de rádio, então estrelas de nêutrons silenciosas em rádio podem ser estrelas de quarks.

Achada uma estrela de quarks na constelação de Coroa Austral mede apenas 11 km de diâmetro, estando a 170.000 anos-luz na Grande Nebulosa de Magalhães.

Outro trabalho teórico, publicado em Physical Review D 73, 114016 (2006), contém: "Uma estreita interface entre a matéria quark e o vácuo teria propriedades muito diferentes na superfície de uma estrela de nêutron"; e, focando-se em parâmetros chave como tensão de superfície e forças elétricas que foram negligenciadas no estudo original, os resultados mostram que tão logo se mantenha a tensão de superfície abaixo de um valor crítico baixo, os maiores “strangelets” são certamente instáveis à fragmentação e estrelas estranhas irão naturalmente apresentar complexas crostas de "strangelets", análogas àquelas das estrelas de nêutrons.

Até ao momento estes são, sem dúvida, os objetos com superfície sólida mais densos conhecidos. Ao desafiarem o nosso entendimento sobre a estrutura da matéria, estas descobertas vêm abrir um novo campo de investigação no parâmetro científico mundial.

fonte:

http://chandra.harvard.edu/press/02_releases/press_041002.html